O Projeto Vidhas já iniciou a sua agenda em 2012, em março. A exposição passou pelo Colégio Pastor Dohms, a Escola Municipal Vila Monte Cristo e a Escola Estadual Edgar Luiz Schneider. Além dos painéis da mostra, o projeto sempre leva às escolas um palestrante para discutir com os estudantes a trajetória histórica do negro e sua luta para ser incluído na sociedade de forma plena. Assim, cria-se um espaço de amplo debate para se valorizar e ampliar temáticas étnicas nem sempre apresentadas na historiografia tradicional. Abaixo, um dos palestrantes do projeto, Jorge Terra, em atividade com os estudantes.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
segunda-feira, 12 de março de 2012
VIDHAS 2012
A agenda do projeto "ViDHas: lutas e conquistas dos negros em busca dos Direitos Humanos" esta aberta para 2012. Escolas das redes municipais, estaduais e particulares, além de outras instituições, podem agendar pelo número 3289 2168 ou pelo e-mail carrismemoria@gmail.com.
Aguardamos os contatos!
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
A Conjuração Baiana
A Conjuração Baiana, ou Revolta dos Alfaiates, foi uma revolta ocorrida em Salvador, em fins do séc. XIX. Nela participaram ativamente membros das classes populares, como os alfaiates, que acabaram por intitular o nome do movimento.
As ações dos revoltosos as condições de vida precárias da população baiana. Na época, Salvador contava com aproximadamente 50 mil habitantes e sofria com a pobreza e falta de empregos.
A sublevação iniciou a partir de um grupo de maçons baianos, denominados Cavaleiros da Luz, que defendiam a separação da metrópole, a proclamação da República, o fim da escravidão colonial e dos privilégios para as elites (altos salários em cargos públicos isenção de impostos), entre outras questões. Em 12 de agosto de 1798 passaram a afixar panfletos manuscritos em lugares públicos com as revindicações descritas. Em pouco tempo os populares acabaram por conduzir à revolta. Tratavam-se majoritariamente de negros e mulatos que sofriam todo o tipo de preconceito, além de privações por suas péssimas condições de vida.
Na sequência, as manifestações incluíram a depredação da câmara local, saques aos armazéns em busca de alimento e o incêndio do Pelourinho, símbolo dos castigos penosos e execuções que os escravos sofriam.
Paulatinamente, o governo, através de forças militares, controlou as ações revoltosas e prendeu os rebeldes. Os soldados e alfaiates foram enforcados e esquartejados. Outros mulatos e escravos foram chicoteados em praça pública e depois remetidos para a África. Somente os membros da loja maçônica foram presos e cumpriram pena na Bahia.
Representação de uma reunião dos Cavaleiros da Luz na Bahia
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
O Projeto VIDHAS no Fórum Social Temático 2012
No dia 24 de janeiro, a Unidade de Documentação e Memória da Carris marcou presença no Fórum Social Temático 2012, apresentando o projeto VIDHAS no Largo Zumbi dos Palmares. O local não poderia ser mais apropriado para o evento, visto que Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, uma das mais emblemáticas comunidades formadas por escravos durante o período colonial.
Durante a atividade houve a mostra dos banners que a compõe e uma palestra com o engenheiro João Cândido, cuja trajetória pessoal também é objeto em destaque na mostra. Ele é bisneto de João Cândido Felisberto, mais conhecido com “Almirante Negro”, militar que durante a República Velha liderou um grupo de marinheiros insatisfeitos com os baixos soldos, as condições de trabalho insalubres e os castigos corporais violentos e humilhantes.
Funcionários de diversos setores da Carris, além de interessados da comunidade em geral, estiveram presentes durante a fala de Cândido. Ele ressaltou, entre outros pontos, que a luta pela cidadania plena dos negros é um processo contínuo, pois a discriminação racial ainda permanece no Brasil; que se trata de um ato transmitido culturalmente para as crianças desde cedo, que nascem sem essa noção de desprezo étnico; que o racismo assume formas veladas, talvez até mais nocivas que sua manifestação explícita, pois acaba por ser mascarado e naturalizado, ou seja, tido como algo perfeitamente “normal”. Ao final, João Cândido recebeu uma lembrança do diretor administrativo-financeiro da Cia Carris, Vidal Dias, em agradecimento por sua participação no projeto VIDHAS.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
A Revolta dos Malês
A Revolta dos Malês foi uma rebelião ocorrida na cidade de Salvador, Bahia, entre 25 e 27 de janeiro de 1835. Seus principais personagens foram negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como “negros de ganho” (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros) mas que apesar disso sofriam preconceito por sua cor, religião e condição social (ex-escravos). O termo “malê” que denomina o movimento é de origem africana, (mais especificamente do povo iorubá) significando “o muçulmano”.
A escravidão ainda era uma prática vigente no Brasi e um dos principais objetivos do movimento era exterminá-la, assim como a imposição do catolicismo à população. Almejavam ainda o confisco dos bens dos “brancos” e a implantação de uma república islâmica, na qual o islamismo seria um fundo religioso fundamental para a sua imposição.
De acordo com o plano, escrito em árabe, os revoltosos sairiam do bairro de Vitória e se reuniriam com malês vindos de outras regiões da cidade. Já haviam obtido algumas armas e com um maior número delas, invadiriam os engenhos de açúcar e libertariam os escravos
De acordo com o plano, escrito em árabe, os revoltosos sairiam do bairro de Vitória e se reuniriam com malês vindos de outras regiões da cidade. Já haviam obtido algumas armas e com um maior número delas, invadiriam os engenhos de açúcar e libertariam os escravos
O plano da revolta foi revelado para um juiz de paz local. Os soldados das forças oficiais soldados cercaram os revoltosos na região da “Água dos Meninos”. Violentos combates aconteceram, morrendo soldados e revoltosos, mas os militares, melhor organizados e armados, derrotaram os insurgentes. Esses foram presos e julgados, sendo os líderes condenados a pena de morte . Outros foram condenados a trabalhos forçados, açoites e degredo (expulsão do Brasil, retornando à África).
O governo local, para evitar outras revoltas semelhantes, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite bem como a prática de suas cerimônias religiosas.
Bibliografia: REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil: a História do Levante dos Malês (1835). São Paulo: Brasiliense, 1986.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
VIDHAS 2011
A Unidade de Documentação e Memória da Carris inaugurou em 2011 o projeto itinerante VIDHAS: lutas e consquistas dos negros pelos Direitos Humanos, que circulou pelas escolas da rede pública e privada, além de instituições culturais fora da cidade, como o Museu Municipal Carlos Nobre, de Guaíba. Ao longo desse período buscamos formas de aprimorar o projeto, sempre visando um melhor aproveitamento da exposição e das palestras por professores e alunos.
Para 2012 pretendemos realizar algumas mudanças, como a diversificação das instituições contempladas com os banners, atendendo mais instituições de ensino da rede estadual e privada, sem deixar de lado as da rede municipal. Além disso, novos palestrantes voluntários participação do projeto, trazendo novas trajetórias e vivências para o VIDHAS.
No ano incial do projeto, o número total de instituições atendidas foi de 26, contemplando mais de 24.000 alunos e professores. A agenda do VIDHAS abre em fevereiro, com o início da itinerância marcado para a primeira semana do mês de março!
Confira mais alguns dados do projeto em 2011 (clique nas imagens para ampliar):
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
“Occupy Wall Street” e o movimento negro nos Estados Unidos
(OWS) é um movimento de protesto que iniciou em 17 de setembro de 2011 no Zucotti Park, localizado no distrito financeiro de Wall Street, iniciado pelo grupo de ativistas canadense Adbuster. Tem como objetivo lutar contra a exclusão social, a desigualdade econômica, o desemprego elevado e os lucros exorbitantes, arrecadados pelas grandes corporações norte-americanas. Esse último ponto é fundamental para se entender o significado simbólico de ocupar a área escolhida, que congrega diversas sedes das principais financeiras que operam no país, e obtêm seus rendimentos a custa da exploração monetária (juros e taxas abusivas cobradas pelos serviços que oferecem aos cidadãos) além de envolvimento em processos de corrupção. O slogan de protesto é “nós somos os 99%”, uma alusão ao fato que 1% dos norte-americanos concentra altíssimos índices de riqueza e renda, proporção que vem aumentando desde 2007 (ano que marca mais fortemente o início da recessão econômica norte-americana), enquanto o resto da população está em condições sócio-econômicas precárias. Na esteira OWS, ocorreram outras manifestações em países europeus, inclusive no Brasil.
Alguns núcleos ligados ao movimento negro americano julgaram importante participar dessa ocupação. Glen Ford, editor do Black Agenda Report, importante veículo de comunicação de temáticas raciais e políticas, afirmou
“O poder hegemônico e parasitário das finanças se desconectou da economia real. Ele não mais está no negócio de fabricar e vender cordas para a população se enforcar, ou qualquer outra coisa. Ele agora transforma o mundo em capital, para alimentar o capital, para a transformação do capital. Ele já não pode coexistir com a vida humana. Portanto, a virtuosa demonização de Wall Street, a sede simbólica e literal da classe que é a ameaça primária à existência da humanidade, é um belo lugar para começar um movimento de massa.”
Religiosos, líderes comunitários, políticos, atletas, empresários, artistas, ligados também à defesa dos direitos civis para afro-americanos também acabaram por se engajar no OWS.
Em geral todos esses grupos reivindicam fundos em favor dos desempregados, melhores condições de trabalho, reativação da economia vigilância e impostos severos sobre esses conglomerados empresariais, que posteriormente reverteriam em benefícios sociais. Mas como colocam os ativistas negros, se as condições de vida dos americanos estão ruins, a dos afro-americanos, em virtude do preconceito racial, da sua marginalização nos espaços urbanos e no mercado de trabalho, é ainda pior. Por isso, a luta para a consolidação dos seus direitos, em uma sociedade mais fraterna e igualitária, é permanente.
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