A escravidão no Brasil começou no século XVI e foi um processo muito extenso e complexo para ser resumido em um texto. A Abolição ocorreu no final do século XIX, com datas diferentes em algumas localidades do país. Desta forma, temos pouco mais de 100 anos de libertação, comparados a quase 400 anos de escravidão, se considerarmos seu fim com a Lei Áurea, em 1888.
Trazidos de diferentes regiões do continente africano, formado por distintos costumes, idiomas e crenças, os negros que aqui chegavam tinham sua cultura oprimida. Afastados de suas famílias, de seus lugares de convivência, passavam por um processo que desejava a anulação de suas identidades. Vindos em navios insalubres e vendidos como mercadorias, os negros eram integrados a sistemas que até então desconheciam. Trabalhando em plantações, serviços domésticos ou comerciais, os escravizados supriam a carência de mão de obra. São múltiplas as relações mantidas entre amos e negros escravizados, indo desde uma relação estratificada e cruel até uma negociação com possibilidade de compra da liberdade. A Abolição foi o resultado de quatro séculos de pequenas negociações constantes, através de atos de resistência passiva e ativa, que se configuravam na conservação de manifestações culturais, insurreições e formação dos quilombos. As feridas abertas pela escravidão seguem marcadas na vida da população brasileira. As violações aos direitos humanos e o preconceito étnico permanecem vivos. A mudança deste cenário é um processo em construção, que deve banir o desrespeito à pluralidade étnica.